Já fazia ANOS desde a última vez que assisti a uma comédia que me fez rir tão genuinamente como esta sensacional O Que Fazemos nas Sombras (What We Do In The Shadows -Nova Zelândia/2014). Tantos anos que já nem me lembro qual filme foi esse.
No entanto isso não importa mais, já que O Que Fazemos nas Sombras automaticamente apaga da memória qualquer outra comédia recente que eu possa ter assistido, graças à uma premissa original e inteligente e uma execução primorosa, que remete a clássicos do “Terror” como O Jovem Frankenstein e A Dança dos Vampiros, respectivamente dirigidos pelos mestres Mel Brooks e Roman Polanski, nas décadas de 60 e 70.
Dirigida e escrita com genialidade de veterano pela dupla Taika Waititi e Jemaine Clement, What We Do In The Shadows é um “mockumentary”, uma espécie de documentário fake, bem ao estilo utilizado nas também geniais comédia Isto É Spinal Tap e Esperando o Sr. Guffman, que por sua vez, satirizavam os bastidores de uma banda de Rock dos anos 80, e uma companhia teatral formada por idiotas de uma cidadezinha americana, respectivamente.
Aqui, o documentário é sobre a convivência de um grupo de amigos que divide uma casa na Nova Zelândia. Nada demais nisso, não fosse o fato de que os amigos são na realidade vampiros centenários, à espera de uma aguardada confraternização conhecida como o “Baile de Máscaras Profano”, uma celebração que reúne vampiros, lobisomens, zumbis, demônios variados e todo tipo de criatura macabra do mundo sobrenatural.
“Protegidos” por crucifixos e uma promessa feita pelos próprios vampiros de que não serão mortos, os membros da equipe de filmagem do tal documentário acompanham o dia a dia dos amigos sugadores de sangue, e também a luta dos quatro para manterem-se atualizados com as tendências da moda e da tecnologia ao longo de seus séculos de vida. Uma espécie de “Keeping Up With The Kardashians” do mundo sobrenatural (HÁ!).
Somem a isso o fato dos vampiros em si já serem a própria encarnação dos estereótipos vampirescos retratados pelo cinema ao longo de inúmeras produções. Temos Viago (Waititi), o almofadinha efeminado ao estilo Entrevista com o Vampiro“; Vladislav (Clement), o tipo “Conde Drácula sedutor”; Deacon (Jonathan Brugh), que interpreta um vampiro mais rebelde; e Petyr (Ben Fransham), que é o Nosferatu do grupo. Para completar o quadro hilário, com exceção de Petyr, todos os vampiros são completos idiotas, que não sabem nem o que é a internet, por exemplo.
A sequência em que a turma descobre a existência do Google por si só já vale a sessão.
O elenco está engraçadíssimo e sensacional, sem exceções. E não contente em ser uma comédia escrachada de arrebentar, o filme ainda consegue flertar de maneira inteligente e até de certa forma tocante com temas universais como o amor, a morte, o valor da amizade e a difícil tarefa de lidar com a velhice e a passagem dos anos. O que realmente não é pouco para um filme de pouco mais de 80 minutos de duração.
O Que Fazemos nas Sombras é sem dúvida um dos melhores filmes de 2014 e sim, sem exageros, é uma das melhores comédias de todos os tempos. Uma obra absurdamente inteligente, original, e que de quebra, joga uma bem humorada luz sobre estas criaturas de caninos pontudos que nos fascinam tanto. Um espetáculo!
Nota do Autor: | 10 | ![]() |
Nota do público:(10 votos) | 8.3 | ![]() |
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